23/09/2009

Limites da vida


Quais são os limites que estamos disponíveis a passar? Até que ponto nossa moral e ética são guiados pela razão? Só quando nos deparamos com as dificuldades é que conseguimos ter a noção exata do que somos capazes de fazer para suprir necessidades básicas. Na hora que a fome aperta e que a dor corrói, só no instante em que precisarmos usar nossas forças é que responderemos essa questão.

Talvez eu viva em um mundo cor de rosa e que não seja real. Talvez eu não saiba até que ponto uma pessoa pode se rebaixar para comer. Até que ponto isso é moral ou imoral? Não sei. Sei apenas que o filme “Ensaio sobre a cegueira” aborda uma realidade muito aquém do que estamos acostumados a ver.

O escritor José Saramago, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, soube levantar esses questionamentos de forma firme e chocante. O filme é baseado na obra do autor que vetou inúmeras vezes as adaptações feitas para as telas do cinema. Por quê? Porque ele alega que “o cinema destrói a imaginação”. Será? Minha imaginação rolou solta em cada cena de negociação de comida. Minha imaginação foi além na cena em que as mulheres “dão” seu corpo em troca de comida. Minha imaginação quase não aguentou ao pensar no que poderia se passar no coração da mulher que encontrou seu marido transando com outra. A minha imaginação não foi prejudicada pela direção de Fernando Meirelles.

Espero nunca ter que negociar a alimentação de cada dia. Não suportaria tal agressão. Não suportaria ter que fazer o que minha imaginação projetou em meu cérebro. Nessas horas vemos em que ponto o ser humano vai para suprir uma das necessidades básicas: COMER! Imagino que o livro não tenha sido escrito em fatos reais e o filme não faz menção a esse fato...e se for, prefiro nunca descobrir!