31/10/2007
Canoense lança livro
O jornalista canoense Luiz Gonzaga Lopes lançará no próximo dia 10 de novembro, às 19h30, no Pavilhão de Autógrafos da 53ª Feira do Livro de Porto Alegre, sua primeira publicação, Amor sobre tela. Com 185 páginas, a obra trata de um amor de verão entre uma artista plástica gaúcha e um escritor português.
Carla Petry: Como surgiu a idéia de contar uma história de amor entre dois personagens tão distintos?
Luiz Gonzaga: A idéia surgiu em 1999 de um conceito que eu tinha sobre as impossibilidades do amor, a partir da corrente literária do romantismo, daquele ideal romântico. Os primeiros capítulos vieram em um jorro só. Queria tentar explicar por que o amor não pode dar certo e acabei em meio ao livro desenvolvendo exatamente o contrário. Ele pode dar certo e pode ser infinito enquanto dure, parafraseando o bom e velho, Vinícius de Moraes.
Carla: Olivares e Vera são personagens fictícios ou são baseados em pessoas conhecidas?
Gonzaga: Ambos têm referenciais bastante claros e também perfazem aquilo que a psicologia junguiana explica como a alma masculina (animus) e a feminina (anima) do próprio autor. Olivares é uma homenagem a um dos personagens mais completos da literatura sul-americana, o boêmio Horacio Oliveira, de O Jogo da Amarelinha, de Cortazar. Este escritor português é um intelectual que entabula diálogos cheios de referência litero-musicais e que tem algumas teorias fechadas sobre o amor. Vera é o que eu posso definir de artista verdadeira, que mergulha e interage com as suas obras de arte e que critica a apropriação da arte pela sociedade do espetáculo e pela indústria cultural.
Carla: Diz um ditado popular que todo livro traz um pouco de quem o escreve. Como você se vê nessa história? Ou não concorda com esse ditado?
Gonzaga: Me vejo como um cara que lê muito e que escrevia textos do gênero jornalístico, além de contos e poesia, e que resolveu botar para fora algumas das suas idéias numa narrativa longa. No livro, estão os questionamentos sobre o valor da obra de arte, sobre a interação homem-natureza, sobre o eterno retorno de Nietzsche, a finitude, diálogos sem sentido, coisas que poderiam integrar facilmente um banco acadêmico ou uma mesa de bar, sobre as quais senti necessidade de colocar em livro, num enredo que valorizasse o exercício do estilo, a brincadeira com a palavra e que armasse para o
leitor no final de cada capítulo e nos momentos finais. Nisto, lembro de outro autor que também é capital na minha vivência como leitor e que me serviu de referencial: Ítalo Calvino
Carla: Já está trabalhando em outra obra? Tem planos de novas publicações?
Gonzaga: Como tenho dito para amigos, estou publicando esta obra que já tem mais de oito anos para soltar a demanda reprimida. Tenho uns contos de amor e morte, que quero transformá-los num livro com unidade temática. Também iniciei outras duas narrativas longas – Partitura de Gorjeios e A Terra do Fim.
Foto: Claiton Dornelles